A saúde mental veio lentamente ganhando espaço nas discussões corporativas nos últimos anos e oficialmente tomou todos os holofotes com a realidade do confinamento durante o ápice da pandemia.
Mas a verdade é que falar sobre saúde mental no ambiente de trabalho ainda é um fenômeno recente e por isso, continua cercado de tabus. Felizmente, aos poucos as organizações estão mais dispostas e abertas a conversar sobre e até a colaborar na desmistificação do assunto.
E como a maior parte da população passa grande parte parte dos seus dias e meses no ambiente de trabalho, ele acaba se tornando um local mais do que favorável para a prevenção e até a identificação de problemas de saúde mental.
Saúde mental e Trabalho, qual a relação?
O Brasil - não orgulhosamente - leva o título de país mais ansioso do mundo, cerca de 10% da nação é atingida pela ansiedade. Os números são alarmantes e, por isso, tirar o tabu e colocar esse tema sob os holofotes é essencial para lidar com essa situação que afeta a vida e a carreira de tantas pessoas.
Com um número de casos tão alto, é praticamente raro que uma empresa não tenha encarado pelo menos uma situação ligada à saúde mental das pessoas colaboradoras nos últimos tempos. Por outro lado, existem diversos casos de desligamento de pessoas que passam por sintomas que impactam seu trabalho (impaciência, irritabilidade, queda na produtividade, atrasos e faltas, dificuldade para tomar decisões, absenteísmo entre outros) e têm seu sofrimento emocional ignorado.
A tendência de cuidados com a mente é tão forte que uma pesquisa recente mostrou que 92% dos brasileiros priorizam as empresas que oferecem algum tipo de benefício ou apoio voltado às questões de saúde mental.
Tá, mas o trabalho pode fazer alguma coisa?
Educar e sensibilizar as pessoas pode ser a virada de chave decisiva para que elas reconheçam seu estado emocional e recebam a orientação do que fazer, assim, é possível atingir uma consciência da importância do autocuidado e, em alguns casos, a necessidade de ajuda profissional.
As empresas também podem escolher não ignorar o aspecto mental ao oferecer benefícios de saúde para as pessoas colaboradoras. E as soluções para esse desafio devem estar presentes em todas as áreas, níveis e departamentos: desde a capacitação de lideranças para identificar, acolher e orientar uma pessoa colaboradora até disponibilizar serviços de qualidade para o tratamento da ansiedade e depressão.
Outra possibilidade é oferecer palestras e treinamentos para que as próprias pessoas colaboradoras tenham acesso a números de emergência para saber como atuar durante a crise de um colega, por exemplo.
E se minha empresa não investir na saúde mental?
De acordo com um estudo do Fórum Econômico Mundial feito em 2021, 53% das pessoas declararam que seu bem-estar piorou um pouco ou muito desde o início da pandemia, em 2020.
Portanto, uma empresa que não investe na qualidade de vida das pessoas colaboradoras como um todo (incluindo a área da saúde mental) está mais propícia a enfrentar casos diretamente relacionados a um quociente emocional abalado, como: burnout, absenteísmo, atrasos e faltas, queda na produtividade, atrasos nas entregas e outros sintomas.
É preciso refletir sobre como a pauta de saúde mental e as pessoas que sofrem dificuldades por conta dela é conduzida dentro das organizações corporativas, já que o não investimento pode colocar em jogo a saúde das pessoas colaboradoras e até mesmo a saúde da empresa.