Sou de uma geração (não muito distante da atual, entre a X e Y) na qual propósito não era uma palavra comumente utilizada, muito menos quando o assunto era Carreira. Por influência de nossos pais, muito provavelmente, empresas sólidas, multinacionais, com programas de carreira e principalmente com programas de trainee estruturados eram o foco de qualquer jovem interessado em ter “sucesso profissional”.
Aliado a isso, não era nada fácil encontrar informações sobre a cultura das empresas, a gente acabava conhecendo um pouco mais sobre elas durante um processo seletivo, mas conhecer mesmo, só depois de alguns meses lá dentro – e nós que conseguíssemos nos adaptar.
Com meu perfil inquieto, curioso e questionador, tive um início de carreira muito instável, com passagens muito curtas por algumas empresas, e mais do que isso, com mudanças radicais de áreas, sem qualquer foco. Mas foi somente anos depois dessa fase, já trabalhando com Recrutamento e Seleção, que pude perceber que o que tinha me faltado lá atrás era isso, encontrar o meu propósito!
Escrevo o relato acima para reforçar o quanto acho o tema importante, mas o objetivo desse texto é muito mais para questionar como essa palavra tem sido banalizada, e como esse conceito tem sido mal empregado pela nova geração.
Se a definição de Propósito é “aquilo que se busca alcançar”, ou “o que te move, motiva”, ou ainda “a razão de existir”, a primeira confusão que se faz frequentemente é acreditar que é uma empresa que deve despertar esse sentimento no indivíduo. Propósito é sobre autoconhecimento, sobre saber quem você é e onde quer chegar, e sobre exercitar isso não importa onde estiver. O que você deve ter bem alinhado com uma empresa são seus Valores, isso sim!
Nas diversas entrevistas que realizei com candidatos nesses últimos anos, constantemente ouvia (especialmente dos jovens) que queriam sair de suas empresas atuais para trabalharem em empresas com mais propósito, com mais impacto na sociedade. Mas pensando nas empresas em que eles já estavam, será mesmo que eles não conseguiriam isso sem ter que mudar de empresa?
Por exemplo, se você tem tão forte dentro de você que o que te move é impactar o meio ambiente, não faz mais sentido você estar em uma empresa que precisa tanto mudar suas práticas, ao invés de ir pra uma que já nasceu sustentável? Ou ainda, se o que te move são “desafios” (é o que mais se escuta em uma sala de entrevista), quer desafio maior do que participar de uma mudança cultural, transformação digital, propor mudanças, trazer inovação, se reinventar? Por fim, uma empresa de tecnologia que tem como missão “organizar as informações do mundo e torná-las mundialmente acessíveis e úteis” tem necessariamente mais propósito que uma empresa tradicional de alimentos que tem como missão “alimentar o mundo”?
Com meu amadurecimento profissional aprendi que o que me motiva (ou desmotivava em algumas empresas) é o quanto eu consigo fazer melhor sempre, em qualquer atividade, da mais simples à mais complexa. Para que isso ocorra, é preciso que haja liberdade, autonomia, abertura para mudanças, novas ideias, melhorias contínuas (talvez fruto da primeira empresa que estagiei, um banco japonês que respirava Kaizen).
E você, já parou pra refletir o que te move todo dia?
*Esse texto reflete a opinião da pessoa autora e não necessariamente da 99Hunters
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